Design moderno no Brasil: da Bauhaus à construção de um mundo sustentável e inclusivo

Seminário que analisa o legado da Bauhaus e do design moderno no Brasil acontece no MAM Rio, com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros

Mesas e oficinas vão discutir a influência da Bauhaus e da Escola de Ulm na formação do design brasileiro, nas décadas de 1950 e 1960, e os desafios atuais seguindo princípios de sustentabilidade e inclusão

O Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro (MAM Rio) será palco do seminário internacional gratuito “Design moderno no Brasil: da Bauhaus à construção de um mundo sustentável e inclusivo”, que ocorrerá no dia 9 de maio de 2025, das 9h às 13h. O evento — financiado pela União Europeia, organizado em colaboração com o MAM Rio e a Escola Superior de Design Industrial (ESDI) — integra as celebrações do Dia da Europa.

O seminário explora o impacto profundo da Bauhaus e da Escola de Ulm no contexto brasileiro, com ênfase nas visões de Max Bill e Tomás Maldonado, que desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento da Escola Técnica de Criação (ETC), posteriormente transformada na ESDI. O evento propõe discussões sobre a relevância histórica e contemporânea desses modelos educacionais e como eles moldaram a história do design brasileiro. Além disso, profissionais discutem o design diante dos desafios ecológicos e sociais de nosso tempo.

A embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, afirma que a conferência tem como objetivo inspirar novas gerações de designers e educadores a adotar abordagens multidisciplinares e atentas ao ser humano, que definiram essas escolas inovadoras.

"Ao revisitar os legados de Bauhaus e de Ulm sob a ótica brasileira, o evento incentiva o diálogo e a cooperação entre a União Europeia e o Brasil, promovendo inovação, sustentabilidade e responsabilidade cívica no design", completa Marian.

“As propostas do design moderno foram essenciais para o desenvolvimento de uma visão do Brasil que resultou, entre outras coisas, na criação do MAM Rio. Esse legado continua providenciando hoje ferramentas para lidarmos com novas urgências e preocupações. O seminário pretende contribuir com essa tarefa de projetar espaços comuns”, observa Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM Rio.

O seminário integra as ações para divulgar o New European Bauhaus (NEB), uma iniciativa da União Europeia para promover sustentabilidade ambiental, estética e inclusão no design de espaços e produtos, inspirada pelo movimento Bauhaus do início do século 20. O foco está na colaboração entre designers, artistas, arquitetos, cientistas e cidadãos, com o objetivo de criar soluções que sejam ambientalmente sustentáveis, culturalmente enriquecedoras e economicamente viáveis.

Programação

O programa inclui duas mesas-redondas: a primeira foca na recepção histórica e na evolução dos princípios da Bauhaus e da Escola de Ulm no Brasil, enquanto a segunda aborda os desafios contemporâneos na educação de design, como sustentabilidade, inclusão social e inovação.

Palestrantes do Brasil, da Argentina e da Europa compartilharão suas percepções sobre a evolução da educação em design e as perspectivas futuras. Entre as especialistas estão María Amalia García, curadora-chefe do MALBA (Argentina); Regina Bittner, chefe da Academia da Fundação Bauhaus Dessau (Alemanha); e Zoy Anastassakis, diretora da ESDI. O diretor artístico do MAM Rio, Pablo Lafuente, fará a mediação dos debates.

Além da conferência, uma série de oficinas conduzidas por parte dos palestrantes será oferecida aos estudantes da ESDI, que poderão vivenciar os legados da Bauhaus e da Escola de Ulm por meio de experiências colaborativas e práticas.


09h00 – 09h40 | Credenciamento e café de boas-vindas
09h40 – 10h00 | Abertura
Com a embaixadora da União Europeia, Marian Schuegraf, Yole Mendonça, diretora executiva do MAM Rio, e Zoy Anastassakis, diretora da ESDI.
10h00 – 11h30 | Mesa 1: A Bauhaus e a Escola de Ulm no Brasil: anos 1950–60
Com Pedro Luiz Pereira de Souza, María Amalia García, Ethel Leon e mediação de Pablo Lafuente.
11h30 – 13h00 | Mesa 2: As funções sociais do design hoje: perspectivas pedagógicas
Com Regina Bittner, Thomas Binder, Zoy Anastassakis e mediação de Pablo Lafuente


Sobre os palestrantes:

Pedro Luiz Pereira de Souza é designer e educador formado em Desenho Industrial pela ESDI, onde também atuou como professor, vice-diretor e diretor. Foi coordenador assistente do Instituto de Desenho Industrial do MAM Rio. Desenvolveu projetos para empresas como Escriba, Unibanco, CBMM, Zanini e Brazil Warrant, além de ter participado da montagem de diversas exposições de design e arte.

María Amalia García é curadora-chefe do Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires e professora na Universidade de Buenos Aires (Argentina). Doutora em história da arte, atuou como curadora associada no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (2013–2021). É autora de Abstract Crossings (University of California Press, 2019) e curadora de exposições como Sur moderno: Journeys of Abstraction – The Patricia Phelps de Cisneros Gift (MoMA, 2019–2020) e Gyula Kosice Intergaláctico (MALBA, 2024).

Thomas Binder é professor de design e sustentabilidade no Lab for Planet, Design School Kolding, na Universidade de Tecnologia de Copenhague (Dinamarca). Tem mestrado e doutorado pela Universidade Técnica da Dinamarca. Sua pesquisa inclui contribuições para métodos e ferramentas de pesquisa experimental em design e processos de inovação aberta, com ênfase particular em co-design e antropologia do design. É autor de vários livros, entre eles (Re)searching the Digital Bauhaus (Springer, 2008).

Regina Bittner é vice-diretora da Academia da Fundação Bauhaus Dessau (Alemanha). Cursou estudos culturais e história da arte na Universidade de Leipzig e fez doutorado no Instituto de Etnologia Europeia da Universidade Humboldt de Berlim. Seu trabalho foca em pesquisa internacional sobre arquitetura e urbanismo, modernidade e migração, história cultural da modernidade e estudos de patrimônio. Curou diversas exposições e publicou sobre a Bauhaus e a história cultural do modernismo.

Zoy Anastassakis dirige a Escola Superior de Design Industrial (ESDI-UERJ) desde 2016. Graduada em design pela ESDI, tem mestrado e doutorado em antropologia social pelo Museu Nacional (UFRJ). Coordena o Laboratório de Design e Antropologia (LaDA) e o programa de estudos independentes Humusidades, onde desenvolve pesquisas e projetos que investigam as possibilidades de conjugação de modos de produção de conhecimento no design e na antropologia.

Ethel Leon é pesquisadora, historiadora e crítica de design, com graduação em comunicação social pela UFRJ e doutorado em história e fundamentos da arquitetura e do urbanismo pela FAU-USP. Atua desde 2012 como curadora da programação de design e arquitetura da Atec Cultural e ministra cursos livres sobre história do design. Foi editora-chefe da revista Agitprop e é autora de diversos livros, entre eles, Memórias do design brasileiro (2009). Organizou exposições como Brasil, convivência de extremos (Designmai, Berlim, 2006), além de integrar o Grupo de Pesquisa CNPq Museu e Patrimônio (FAU-USP).

Pablo Lafuente é diretor artístico do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro desde 2020. Foi co-curador da 31a Bienal de São Paulo e das exposições Some May Work as Symbols (Raven Row, Londres, 2024); Dja Guata Porã: Rio de Janeiro indígena (Museu de Arte do Rio, 2017-18), entre outras. Entre 2018 e 2020, foi coordenador do Programa CCBB Educativo, no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro.

SOBRE O NEB

O Novo Bauhaus Europeu (NEB) é uma iniciativa da Comissão Europeia que busca integrar sustentabilidade, beleza e inclusão no ambiente construído e no desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores. O NEB pretende inspirar e promover novas formas de viver e de projetar. Ele inclui diversas atividades, como competições de design, exposições, workshops e eventos de networking.

Essas iniciativas visam promover um diálogo e intercâmbio entre designers, arquitetos, engenheiros, artistas e stakeholders de diferentes setores e origens, e apresentar soluções inovadoras, sustentáveis e únicas. O NEB também promove o uso de ferramentas e tecnologias digitais, como modelagem digital e realidade virtual, para aprimorar o processo de design e facilitar a comunicação e colaboração entre diferentes atores.

No seu cerne, a iniciativa se concentra nas pessoas que criam lugares bonitos, cuidam do planeta, entendem o significado da colaboração e podem prosperar em espaços caracterizados por harmonia, inspiração e sinergia com diversas formas de vida que precisam de compreensão e proteção. Essas pessoas também desempenham um papel crucial na definição dos objetivos dos projetos do NEB, participando ativamente de sua co-criação, co-iniciação, co-implementação e co-monitoramento.

O NEB funciona como um marco inspirador em vez de fornecer soluções universais prontas. Ele propõe uma abordagem e materiais de apoio que fomentam a transformação de edifícios, espaços (como bairros inteiros) e até artefatos ou redes de entidades comprometidas com os mesmos objetivos.

A característica distintiva do NEB está na interação e no reforço mútuo entre valores (sustentabilidade, beleza e inclusão) e princípios de trabalho como processos participativos, engajamento em múltiplos níveis e uma abordagem transdisciplinar. Essa integração aproveita o fermento criativo para projetar intervenções sob medida que contribuem para a mudança de paradigma necessária em tempos de guerras, emergência climática e incertezas. O NEB ajuda a reconstruir a confiança e os significados.

SOBRE O MAM RIO

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro promove experiências participativas e inclusivas a partir da arte. Fundado em 1948 com a premissa de ser um museu-escola, é referência como plataforma de criação e formação para artistas e públicos, alcançando diferentes gerações e territórios. O MAM Rio é responsável por um extenso acervo de arte moderna e contemporânea, com focos na arte brasileira e em fotografia. Atualmente, abriga três coleções de artes visuais, com um total de cerca de 16 mil obras.

As exposições do MAM Rio propõem relações entre artistas de diferentes gerações, conectando passado e presente em todas as linguagens e manifestações, pautados por temáticas diversas e equitativas do mundo e do fazer artístico.

O prédio do MAM Rio no Parque do Flamengo, desenhado por Affonso Eduardo Reidy e com jardins projetados por Roberto Burle Marx, virou referência para a arquitetura mundial. O museu e seu entorno oferecem um espaço de convivialidade e experimentação que impulsiona processos de troca, circulação, vivências e cultura.

A Cinemateca do MAM oferece programação presencial e online, dando acesso à nova produção cinematográfica e a filmes históricos, brasileiros e internacionais. O acervo inclui filmes em múltiplos formatos, documentos, cartazes, publicações e equipamentos relativos à produção e à reprodução de cinema, desde sua criação até o presente. Por meio de projetos sustentáveis e inclusivos, o MAM Rio visa contribuir com o desenvolvimento da sociedade, atendendo às diretrizes estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O MAM Rio também conta com patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Petrobras, Instituto Cultural Vale, Mattos Filho Advogados, Sergio Bermudes Advogados, BMA Advogados, Ferroport e Granado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Alta Diagnósticos, Concremat, Deloitte, Guelt Investimentos, Icatu, JSL, Multiterminais por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei do ISS RJ. E Bloomberg.

Agradecemos ao Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

SOBRE A ESDI

A Esdi – Escola Superior de Desenho Industrial, curso de Design da UERJ, foi criada em 1962, pelo então governador Carlos Lacerda. Foi instalada à Rua Evaristo da Veiga 95, estendendo-se o terreno até a Rua do Passeio, onde tem o nº 80. Iniciou suas atividades de ensino em 1963, como instituição isolada, pertencente à estrutura da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara. Dada a fusão dos estados do Rio de Janeiro e Guanabara, foi integrada em 1975, à nascente UERJ, antiga UEG.

O curso de Design da Esdi foi concebido na virada dos anos 1950-60, a partir do modelo da HfG-Ulm (Hochschule für Gestaltung Ulm), escola alemã fundada nos anos 1950 e que buscou rever os ideais da Bauhaus sob a perspectiva da sociedade decididamente industrial do pós-guerra. No momento por que passava o Brasil naquela época, de desenvolvimentismo e otimismo, a ideia de uma Escola de Desenho Industrial local mostrou-se significativa para o governo da Guanabara, que pretendia posicionar o então estado na vanguarda do processo industrial brasileiro.

Graduando desenhistas industriais desde seu estabelecimento, passou a contar também, em agosto de 2005, com um curso de mestrado em design, e, a partir de 2012, com curso de doutorado em design, ambos com nota 4 na avaliação da Capes. Conta com 25 professores, em sua maioria doutores, com alta qualificação em design.

O corpo docente e discente da Esdi envolve-se nas atividades de pesquisa e extensão. A Esdi é dedicada ao ensino, produção e desenvolvimento do conhecimento cuja qualidade tem sido reconhecida nacional e internacionalmente.

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Cita: "Design moderno no Brasil: da Bauhaus à construção de um mundo sustentável e inclusivo" 29 Abr 2025. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1029672/design-moderno-no-brasil-da-bauhaus-a-construcao-de-um-mundo-sustentavel-e-inclusivo> ISSN 0719-8906

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